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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

[Cinema] O Gato do Rabino

[Cinema] O Gato do Rabino:
Passada na Argélia dos anos 1920, O Gato do Rabino é uma animação franco-austríaca dirigida por Joann Sfar e Antoine Delesvaux, baseada em três volumes da série de Sfar que levam o mesmo nome do filme. 

Tudo começa com a história do gato do rabino Sfar, que, após engolir o papagaio da família, aprende a falar e manifesta seu desejo de se aprofundar na religião judaica. Apaixonado por Zlabya, a bela filha do rabino, o felino de língua afiada insiste e briga com a sinagoga por seu bar-mitzva. Mas suas intenções são verdadeiramente amorosas. Ao questionar diversos dogmas de maneira ácida e científica em seu processo religioso, ele gera boa parte dos excelentes diálogos do filme. O restante fica por conta do sábio primo muçulmano do rabino. O gato do rabino não tem nome. Sua identidade lhe é negada pela dona, pelo dono e pelo Mestre do dono, mas nem por isso o felino deixa de se apresentar como um bicho cheio de personalidade, de fala espirituosa e sem enrolação, tomando as rédeas ou fugindo delas dependendo da situação em que se encontra. 



O belo traço e as cores vívidas transportam o espectador para paisagens deslumbrantes, com destaque para o céu, que tem suas estrelas retratadas como uma foto de longa exposição. Em meio à beleza da animação, análises antropológicas e filosóficas travam batalhas com máximas religiosas sem deixar a comédia cortante de lado. 

O filme discute a universalidade entre os homens. Muitos são os diálogos sobre o outro, o processo de alteridade (concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos) e também sobre a intolerância que muitas vezes temos com o "diferente". 

Historicamente, a intolerância está presente na esfera das relações humanas fundadas em sentimentos e crenças religiosas. É uma prática que se auto justifica em nome de Deus; adquire o status de uma guerra de deuses encarnados em homens e mulheres que se odeiam e não se suportam. A intolerância religiosa soma-se a intolerância política, cultural, étnica e sexual. A inquisição está presente no cotidiano dos indivíduos: no âmbito do espaço doméstico, nos locais do trabalho, nos espaços públicos e privados. Ela assume formas sutis de violência simbólica e manifestações extremadas de ódio, envolvendo todas as esferas das relações humanas. A intolerância é, portanto, uma das formas de opressão de indivíduos em geral fragilizados por sua condição econômica, cultural, étnica, sexual e até mesmo por fatores etários. Muitas vezes nos surpreendemos ao descobrir a nossa própria intolerância. A construção de uma sociedade fundada em valores que fortaleçam a tolerância mútua  exige o estudo das formas de intolerância e das suas manifestações concretas, aliado à denúncia e combate a todos os tipos de intolerância. A tolerância fundamenta-se numa concepção de que o problema da tolerância/intolerância não se restringe ao âmbito do indivíduo, mas sim uma questão social, uma atitude que deve ser aceita e tomada por todos do grupo em questão.

Outro ponto é a necessidade de expressão e preenchimento de conhecimento divino e terreno. Ao se fazer clara a real interseção, todos passam a enxergar a irmandade perdida em pequenas importâncias. A mensagem é a mesma: o amor em todas as suas formas. Mesmo que este seja de um gato que deseja a dona só para si. 

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