
Ontem, assisti ao excelente “Onde os fracos não têm vez”, indicado a oito Oscars e tido como favorito à premiação da Academia. Como pude perceber que várias pessoas não conseguiram entender o filme, pelo menos em um primeiro momento, resolvi publicar este artigo que saiu no portal G1 para esclarecer aqueles que se dispersaram durante a exibição ou para aqueles que pretendem ir à exibição nos cinemas em breve possam se antecipar.
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Em primeiro lugar, é bom dizer: todo o frenesi não é à toa. O novo filme dos irmãos Ethan e Joel Coen é mesmo uma obra-prima, sem dúvida o melhor trabalho da dupla, e olha que estamos falando dos criadores de “Fargo”.
O longa começa com uma paisagem árida e a voz profunda de Tommy Lee Jones, na pele do xerife Bell, que conta sobre um caso passado, um rapaz que ele prendeu e terminou condenado à cadeira elétrica. A combinação dos dois – palavras e imagens – resulta num efeito especial, maior do que a simples soma dos elementos. De forma que, já nos primeiros segundos de projeção, o espectador fica preso à poltrona, grudado ao encosto por uma cola poderosa.
Estudo da violência
A história é uma espécie de suspense ambientada no faroeste, com seqüências de perseguição de tirar o fôlego. Mas, acima de tudo, é um estudo de personagens, um mergulho na psicologia da violência, cuja riqueza está em observar como as pessoas reagem a um indivíduo de natureza puramente má.
Esse homem é o vilão Anton, interpretado com intensidade perturbadora por Javier Bardem. Tudo começa quando um cara comum de nome Llewelyn (Josh Brolin) descobre uma mala com US$ 2 milhões no meio do deserto. Há defuntos e armas por todos os lados, e fica óbvio que o dinheiro está envolvido em alguma disputa de traficantes. Ainda assim, Llewelyn foge com a grana, sem saber do pesadelo que o espera.
O incidente serve de mola propulsora da trama, em que Llewelyn tenta fugir com a mala, Anton tenta pegá-lo e o xerife tentando deter o vilão. A cada passo de um, o outro se aproxima na mesma medida. As cenas são construídas meticulosamente, de forma que essa tensão nunca se disssipa. E nenhum deles pretende desistir.
Nesse movimento, “Onde os fracos não têm vez” revela como a natureza humana pode ser ora cruel, ora digna de pena. E só uma direção impecável consegue fazer com que uma visão tão negativa de nós mesmos seja tão deliciosa.
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